“Qual dentre vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado de curso da sua vida?” Lucas 12:25
Justamente antes do crepúsculo, retirei-me para o meu refúgio especial, uma área de proteção à vida silvestre perto de minha casa, no Estado de Oregon. Ao entrar na área, minha atenção foi atraída por um lindo bando de gansos da neve, que comiam grãos num campo ao lado dos trilhos da linha férrea.
Eu dissera a mim mesma que tinha ido àquele lugar para ver a vida silvestre. Minha mente, entretanto, se concentrava pesadamente num despontamento que parecia estar dilacerando minha vida naquele momento.
De repente, um trem de carga veio rugindo na direção dos gansos. Como se alguém tivesse apertado um botão, todas as aves se espalharam. Dentro em pouco o trem desaparecia e os sons ensurdecedores acabaram. Os gansos retornaram ao mesmo local que haviam deixado e continuaram a jantar.
Mal tinham começado a saborear o prato principal quanto outro trem de carga se aproximou, tão barulhento e ameaçador quanto o anterior. Mais uma vez os gansos saíram voando. Quando o trem passou e a atmosfera ficou silenciosa novamente, os gansos voltaram em busca dos grãozinhos que tinham deixado para trás.
Enquanto os observava, maravilhei-me diante do modo como eles encaravam as perturbações. Como seria bom ter asas que me permitisse voar quando as provas e dificuldades aparecem, pensei. Em minha introspecção, senti a mão de Deus usando aquelas lindas criaturas dos ares para ajudar-me a solucionar meu problema. Lembrei-me de que as situações mais difíceis me sobrevieram inesperadamente, assim como os trens de carga. A maioria delas, à semelhança dos trens, acaba passando. O mesmo acontece com o barulho e as emoções que os acompanha.
Depois de passada a calamidade, entretanto, não importa quão longe eu tenha voado em espírito ou no corpo, preciso voltar para continuar vivendo. Assim como os gansos da neve retornaram para alimentar-se dos grãos no campo, preciso juntar os pedaços da minha vida e prosseguir.
Quando o pôr do sol deu lugar às trevas, comecei a compreender a lição. “Eu cuido das aves do céu”, parecia Deus cochichar, “e cuidarei de você”. Essa promessa, estou aprendendo, é mais forte que qualquer trem de carga.
Márcia Mollenkopf
Nenhum comentário:
Postar um comentário