quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O capítulo que não devia existir



O capítulo 11 do segundo livro de Samuel não deveria nunca ter sido registrado na Sagrada Escritura. Este capítulo é o retrato de toda a miséria e vileza de que o ser humano é capaz quando rompe sua comunhão diária com Deus. Mas o capítulo está ali, como uma prova de que por mais doloroso que seja, o pecado é parte da experiência humana. É justamente por isso que Jesus Se fez homem: a fim de solucionar esta triste situação.
Adultério e homicídio juntos. Como pôde aquele pastorzinho inocente, que em nome de Deus matava ursos e leões e acabara com o gigante Golias, que escarnecia do povo de Deus, ter sido capaz de um duplo pecado, tão repugnante aos olhos da sociedade?
O incidente registrado neste capítulo deveria sempre lembrar-nos de que não somos sequer capazes de imaginar a que profundezas podemos descer se soltarmos o braço poderoso de Jesus.
Às vezes, diante da notícia de alguém que se feriu na luta contra o pecado, perguntamos: “Como foi capaz de fazer isso?” O homem carnal é capaz disso e muito mais. O capítulo 1 da carta aos Romanos mostra o quadro do homem que nega um lugar a Deus em sua existência. Ele é entregue à “paixões infames”, à “imundícia” e à “concupiscência de seu coração”.
Graças a Deus que não existe apenas o capítulo 11 em II Samuel. Louvado seja o Senhor pelo capítulo 12. Obrigado a Deus pelo confronto do homem com sua própria consciência, que não é outra coisa senão a voz do Espírito Santo; e obrigado, acima de tudo, porque a graça redentora do Pai é capaz de tocar o coração do filho. Davi caiu em si, reconheceu a miséria de sua situação, viu-se um monstro, achou-se longe do reino de Deus, na terra da culpa, loucura e morte e de lá gritou: “Senhor, pequei, tem compaixão de mim”.
O Salmo 51 registra a oração penitente de um homem que enxergou a grandiosidade de seu pecado, o grito desesperado de alguém que sente que Deus deve fazer um transplante de coração em sua vida. Davi reconhece que nasceu pecador, que o vírus do mal está em cada partícula de seu ser, mas não se conforma com essa situação, e clama: “Purifica-me e serei limpo, lava-me e serei mais branco do que a neve”.
Quando o Espírito Santo nos mostra nossa realidade, não é para levar-nos ao desespero e ao suicídio, é para ajudar-nos a entender o valor do remédio! “Quando Ele vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo”.
Convencer-nos só do pecado não teria valor sem a justiça de Cristo, ao passo que mostrar-nos só a justiça não teria muito sentido sem mostrar-nos o futuro, o qual devemos enfrentar sem medo, apesar de nosso passado escabroso, porque ele já foi perdoado por Jesus. (Alejandro Bullon)